segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O FIM DO PAPEL

e-book


O mundo da Informática está em constante evolução. Neste mundo mutável, não é fácil manter-se atualizado. Praticamente a cada dia surgem novos processadores, novas placas de vídeo, novos chips, novos padrões e novos periféricos. E é nesse contexto de constantes transformações e mudanças que surge o e-book, juntamente com a polêmica sobre o fim do livro. Inicialmente, é necessária uma explicação sobre os e-books. Afinal, o que são os e-books? Um e-book ou, em bom português, um livro eletrônico é um livro como outro qualquer. O que o diferencia de um livro é que, ao invés de ser impresso, é vendido em formato digital; baixado, ou recebido via e-mail.

Como um e-book é distribuído em formato digital, não existe custo de impressão, distribuição, nem o risco de ficar mofando nas prateleiras das livrarias, por isso, ele em geral custa menos de 10% que custaria caso fosse impresso. Você não paga pelo papel, mas apenas pela informação em si. O livro pode ser lido no seu micro ou então impresso. Você escolhe o que acha mais prático. O meio que os envolve, a rede, também oferece a possibilidade de encontrar livros raros e fora de catálogo ou ainda descobrir um livro só pelo nome (sem o autor e a editora). Representa um ponto de encontro de editores. Ajuda a comercializar direitos e traduções. Aumenta a velocidade de circulação da informação, apresentando-se como uma forma prática e barata de distribuir o conhecimento. Dá retorno mais rápido. Possui maior alcance: pode chegar aonde não existem livrarias. Democratiza a informação.

Outra vantagem é a possibilidade de comprar o livro por capítulos, assim quem não estiver gostando pode parar de comprá-lo. E não é só isso: a promessa é de que autores escrevam finais diferentes para uma única obra e cada leitor compre o que mais lhe interessar: feliz, triste, inesperado, feliz 2, trágico, etc. Entretanto, os e-books apresentam algumas desvantagens. Nem o gigante da informática Bill Gates, que deveria estar acostumado a adaptar-se às novas tecnologias, habituou-se a utilizar os e-books. A sua reclamação, como a dos demais usuários, diz respeito a cansativa e incômoda leitura através da tela. Ele prefere imprimir tudo que tenha mais de 4 páginas para ler depois. Ninguém lê um texto longo integralmente na tela do seu computador. Talvez porque ler na "tela" cansa, por que fica mais difícil lembrar do que leu ou porque é mais complicado se concentrar desta forma.

Dois modelos são comercializados nos Estados Unidos desde 1998: o Rocket e-book da empresa Nuvomedia e o Softbook da Softbook Press. Estas máquinas se apresentam como pequenos aparelhos dotados de uma tela de cristal líquido cujo formato varia de acordo com o modelo, permitindo essencialmente o aparecimento do texto. Essas máquinas são leves, comunicativas e sua capacidade de memória propicia a estocagem de vários livros. Ocupando pouco espaço, os livros eletrônicos se diferenciam dos computadores pela ausência de teclado, de microprocessador, de periféricos, etc. São utensílios inteiramente dedicados à leitura cujas funções otimizam um maior conforto de leitura na tela.

Essas maquinetas não assustam as vovós: possuem poucos e óbvios botões, como o de avançar ou de voltar página, e o recurso de fazer anotações, marcar trechos e pesquisar palavras. Além de apresentarem fontes que podem ser ampliadas. São leves pesando, aproximadamente, 600 gramas. Alguns modelos armazenam até 4 mil páginas de textos e imagens em um formato parecido com o dos livros convencionais de 250 páginas. Isso possibilita a existência de vários livros no mesmo aparelho. Custam em média US$ 300, podendo alcançar, em versões mais modernas (com tela de cristal líquido e a possibilidade do uso de cores no display) a bagatela de US$ 700, preços que assustam alguns consumidores.

O fenômeno dos e-books chegou ao conhecimento da comunidade de usuários da Internet quando o best seller "Riding the Bullet", do escritor norte americano Stephen King foi lançado exclusivamente pela Internet. Foram tantos os pedidos feitos por e-mail diretamente à livraria online Barnes&Noble, que o livro teve de ser enviado com alguns dias de atraso. Entusiasmado com o sucesso de "Riding the Bullet", King já está lançando sua segunda obra: "The Plant". Este é um projeto ainda mais ousado do que qualquer outro livro virtual já escrito. Stephen King jogou as cartas na mesa e deixou claro que vai escrever um capítulo de cada vez e, se não houver um número razoável de pessoas comprando, ele pára no meio! Para isso ele conta com seu talento, em capítulos entre 5000 e 7000 palavras a um dólar cada. Não haverá nenhuma editora ou outro tipo de intermediário no processo. O autor disse que "vai confiar na velha honestidade" e numa história que vai fazer os leitores "quererem cada vez mais". King sabe que vai haver pessoas comprando e imprimindo sua obra para emprestar para os amigos, mas está disposto a correr o risco.

Quem não gosta do trabalho de Stephen King, não lê em inglês ou não quer correr o risco proposto pode ler outro grande autor na Web: ninguém menos do que o imortal João Ubaldo Ribeiro. "Miséria e Grandeza do Amor de Benedita" é seu primeiro e-book. O livro está todo no formato PDF, podendo também ser facilmente imprimido, e custa apenas R$ 3,80. O autor brasileiro não crê na imortalidade do livro de papel encadernado: "e se acabar, ou eu escrevo no meio, ou não escrevo".

Não são somente os autores reconhecidos que publicam suas obras na rede. Antenados com a era da internet, muitos autores desconhecidos ou iniciantes investem em sua carreira, na maioria das vezes, disponibilizando seus livros gratuitamente para que o público conheça seu trabalho. São escritores experientes e outros estreantes que conquistam seu espaço através da rede mundial de computadores. Alguns, já contam com alguns milhares de downloads em poucos meses de publicação, o que ajuda no reconhecimento e divulgação de suas obras, fato que não seria possível se estas fossem impressas.

Há diversas opiniões à respeito dos e-books e se este poderia ser o responsável pela morte do velho e bom livro impresso. Muitos dizem que está próximo o dia em que não iremos mais a livrarias, e sim, buscaremos nossas leituras através de distribuidores eletrônicos. Em contrapartida, os defensores do livro impresso afirmam que está longe de ocorrer uma crise no ramo, afirmando que a comercialização dos livros está em constante crescimento e expansão. Há ainda uma terceira corrente que sustenta a idéia de que os e-books vieram para completar - e não aniquilar - o livro tradicional. Seguem o pensamento de que, assim como foi afirmado que o surgimento da televisão acabaria com a era do rádio, os e-books e os livros sobreviverão na mais harmoniosa paz.

Discussões à parte, o fato é que lê-se pouco. O livro, de pano, pedra, papel, ou digital, é só um instrumento. É inútil desperdiçar forças lutando contra o desenvolvimento de novas tecnologias, quando a prioridade deveria ser tornar o livro mais acessível e atraente.

E o que você acha? Será mesmo o fim do papel?




Referências bibliográficas:


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